Vamos conversar sobre a importância da Amazônia?

Com tudo o que aconteceu nas últimas semanas, acreditamos que é importante ressaltar e ampliar o que conhecemos sobre a Floresta Amazônica.

Sabemos que é a maior floresta tropical do mundo, ocupando cerca de 600 milhões de hectares e cobrindo nove países, com sua maior parte em território brasileiro, região em que existe a maior bacia hidrográfica do mundo, com o rio Amazonas, o maior do globo em extensão e volume de água. Para Dal Marcondes, jornalista fundador e atual diretor executivo da Agência Envolverde – veículo jornalístico que visa ampliar o conhecimento da sustentabilidade – a compreensão sobre a temática precisa ser mais profunda.

“O papel da Amazônia no desenvolvimento do país é muito maior por seus serviços ambientais do que como terra de pecuária ou de madeira barata. O país se beneficia diretamente pelo clima ameno e rica economia das regiões ao Sul da Amazônia, onde se produz mais de 75% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil”, diz Marcondes.

O jornalista esclarece, ainda, sobre a importância da preservação da Amazônia para a sobrevivência do mundo.

“Ela é parte de um complexo ecossistema de regulação do clima e da disponibilidade hídrica do planeta. Há muitos mitos sobre o papel da Amazônia, como o que ela seria o “pulmão do mundo”, mas isso não é o verdadeiro papel da floresta tropical. A jornalista da Folha de S.Paulo, Ana Carolina Amaral, em texto recente resumiu bem esse papel”, conta Marcondes.

O trecho citado por Dal Marcondes foi publicado por Ana Carolina no último dia 23 de agosto, na editoria de Meio Ambiente da Folha de S.Paulo, com o título “Amazônia ajuda a regular clima global, mas não é o pulmão do mundo”, no qual ela escreve que “embora não seja o pulmão do mundo, a Amazônia tem um papel fundamental na regulação do clima global, junto a outras grandes florestas tropicais. Com árvores de folhas perenes, as florestas tropicais funcionam como estoques de carbono (que compõe caules, folhas e raízes das árvores). As queimadas lançam o carbono na atmosfera, ampliando o efeito-estufa, que causa o fenômeno do aquecimento global. Outro processo que acontece massivamente na Amazônia é a evapotranspiração, feita pelas folhas das árvores para liberar o excesso de água captado pelas raízes. De microgotículas em microgotículas, cada uma das árvores da Amazônia lança na atmosfera de trezentos a mil litros de água por dia. O resultado é a geração de chuvas para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul brasileiros, em um fenômeno que ficou conhecido como “rios voadores”, que influenciam também as correntes dos oceanos” (sic).

Dal Marcondes também falou sobre as queimadas, assunto que tem sido o mais comentado nos últimos dias entre os veículos de imprensa e pela população. O jornalista explicou de forma clara e sucinta o porquê desta ação ser negativa para todos.

“As queimadas são um atentado à biodiversidade da Amazônia e prejudicam a capacidade da floresta em prestar os serviços ambientais que abastecem outras regiões com a água necessária para a atividade econômica. A natureza é um sistema de vasos comunicantes, se a Amazônia parar de bombear água para o Sul e Sudeste também serão afetadas as ricas regiões agrícolas da Bolívia, Paraguai e Argentina.
As queimadas são a forma mais destrutiva de se aproveitar qualquer coisa da Amazônia. Como é criminosa, a extração de madeira e de outros recursos da biodiversidade é feita de maneira desordenada e com a completa destruição de muitos valiosos recursos”, aponta.

E na pergunta mais complexa, sobre como combater as queimadas, Dal Marcondes esclarece que melhorar a rede que cuida e estuda a Amazônia é o caminho correto para auxílio na preservação.

“A Amazônia precisa de investimentos em transformação de suas cadeias de valor, da produção agropecuária, da produção de insumos e produtos a partir de sua biodiversidade e com a aplicação de biotecnologias. É a região com menor número de pesquisadores, mestres e doutores do país, isso se reflete no baixo volume de pesquisas. No entanto, há centros de excelência em pesquisa, como o IPAM, o IMAZON, as universidades federais dos nove estados amazônicos, o Mamirauá e muitas outras organizações. Alguns anos atrás, foi formado o Fórum Amazônia Sustentável que reuniu empresas, universidades e ONGs para trabalhar o desenvolvimento de alternativas econômicas ao fogo e ao gado. A iniciativa durou alguns anos e depois perdeu força com a crise econômica a partir de 2014. A união dessas forças é fundamental para o desenvolvimento de uma bioeconomia na região”, afirma o especialista.

E, quando questionado sobre como as instituições escolares, os educadores e pais podem contribuir para a conscientização sobre o cuidado e a preservação da Floresta Amazônica, Dal Marcondes diz que a união entre todos os setores sociais é o que fará a grande diferença.

“A oferta de conhecimento é dever de todos. Os pais podem estimular com conversas, livros, documentários e passeios, como a recente mostra do SESC sobre a Amazônia, com cenários, populações tradicionais, biodiversidade e ciência. Já, nas escolas, é preciso implantar um extenso e intenso programa de capacitação de professores, em todos os níveis, para tratar a Amazônia com a informação e respeito que a região merece. A Amazônia é a principal riqueza do Brasil neste século e precisa de conhecimentos para que o seu desenvolvimento seja baseado em ciência e não em predação” finaliza o jornalista.

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