15 mulheres que transformaram a educação no mundo

Segundo dados do Censo Escolar 2019, realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), foram registrados 2,2 milhões docentes por todo o País. Apesar da pesquisa não esclarecer isso, é possível achar por outras fontes que mais de 70% destes professores são do sexo feminino. O estudo mostra, ainda, que temos no Brasil mais de 187 mil gestores, sendo 80,8% diretoras. 

E isso vem para corroborar com nosso tema de hoje que é Mulheres que transformaram a educação. Todos tivemos uma professora em nosso período letivo. Algumas gostávamos mais e outras menos, porém, todas elas nos ensinaram muitas coisas. E é por elas, também, que vamos apontar 15 mulheres que fizeram história na educação mundial, a começar pelas brasileiras.

 

Macaé Evaristo

Mulher negra que ocupou o cenário da política com resistência, foi também gestora educacional, em especial, em Minas Gerais. Sua luta como educadora sempre teve como foco principal, por meio de uma educação integral, a integração da diversidade no Brasil. Macaé, que defende uma educação pública de qualidade para todos, com atenção à diversidade e inclusão, acredita que a educação só pode evoluir, quando falamos em inclusão e qualidade, quando é capaz de entender e atender sujeitos na sua integralidade, acolhendo comunidades e territórios.

 

Nísia Floresta

Educadora, escritora, feminista e abolicionista, viveu em uma época (entre 1810 e 1885) na qual as mulheres não tinham acesso à educação. Teve contato com ideais liberais, quando estudou em um convento de carmelitas em Pernambuco. Também foi fundadora do Colégio Augusto, no Rio de Janeiro, dedicado à educação feminina.

E inspirada por estes ideais, foi grande defensora nas reivindicações para que as mulheres tivessem acesso as mesmas oportunidades que os homens. Destacava que excluir mulheres dos espaços de educação continha as potencialidades femininas, tanto na ciência como em cargos públicos.

Foi autora de 15 livros, além de ter publicado diversos artigos sobre direitos das mulheres. 

 

Anália Franco

Educadora, escritora e poetisa que viveu no período em que o Brasil transitava do Império à República, entre 1853 e 1919. Destacou-se, como educadora, por se preocupar com discriminados e marginalizados em uma época na qual a educação era para poucos. 

Anália começou como educadora aos 15 anos e foi responsável pela criação e supervisão de mais de cem instituições, entre escolas, asilos, creches, liceus femininos, bibliotecas e grupos musicais por todo o estado de São Paulo.

 

Emília Ferreiro 

Apesar de não ser brasileira, a psicóloga e pedagoga argentina foi grande responsável pela mudança de pensamentos e condutas na educação nacional. Radicada no México, estudou mecanismos que fazem as crianças aprenderem a ler e escrever, o que revolucionou a alfabetização influenciando a educação brasileira a partir da década de 1990.

Ela lançou o livro “Psicogênese da Língua Escrita, em 1979, junto com a pedagoga espanhola Ana Teberosky, que inspirou os educadores de Brasil servindo, inclusive, de Parâmetros Curriculares Nacionais.

Seu grande diferencial foi o doutorado na Universidade de Genebra, na Suíça, sob orientação do biólogo Jean Piaget. Ali ela focou os estudos nas investigações sobre escrita e construtivismo. E foi responsável por inverter a lógica tradicional de educadores que, até então, só se preocupavam com a aprendizagem quando o aluno parecia não aprender.

 

Mariazinha Fusari 

A arte-educadora foi cofundadora do NCE (Núcleo de Comunicação e Educação), da USP (Universidade de São Paulo) colaborando para a ampliação do diálogo entre a comunicação e da educação, por meio de suas pesquisas sobre a relação entre mídia e infância.

Até hoje Fusari é conhecida como um dos principais nomes do Brasil na Educomunicação, campo teórico-prático que utiliza a intervenção a partir da educação para a mídia, o uso das mídias na educação, a produção de conteúdos educativos, a gestão democrática das mídias, entre outros.

 

Dorina Nowill

A Educadora viveu entre 1919 e 2009 e aos 17 anos perdeu a visão, sendo a primeira aluna cega a frequentar um curso regular na Escola Normal Caetano de Campos, no centro de São Paulo, onde também se formou como professora. Se especializou em educação para cegos, tendo se formado na Universidade de Columbia, em Nova York, nos Estado Unidos. 

Desenvolveu, em 1946, a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, cujo objetivo principal era a produção de livros em braille, com base em sua ONG a Fundação Dorina Nowill, que se dedica dedicado à inclusão social de pessoas com deficiência visual. Em 1948, fundou a primeira imprensa em braile, responsável por imprimir livros didáticos e outros documentos. Além disso, ela dirigiu a Campanha Nacional de Educação de Cegos, do MEC (Ministério da Educação) que criou os primeiros serviços do segmento para cegos no Brasil. 

 

Êda Luiz

Foi coordenadora pedagógica do Cieja (Centro de Integração de Jovens e Adultos), em São Paulo, período no qual a instituição se tornou referência como um modelo aberto e acolhedor para excluídos propondo uma escola de fato democrática.

Dona Êda teve sua iniciativa reconhecida nacionalmente e seu modelo educacional ficou conhecido, em 2017, como a Escola de Educação Transformadora para o Século XXI, pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Foi uma das duas únicas escolas no Brasil a receber esse título.

Além disso foi professora em uma escola rural e na antiga Febem (Fundação Estadual do Bem-estar do Menor).

 

Maria Teresa Mantoan

Pedagoga brasileira que atua nas áreas de pesquisa, docência e extensão na Unicamp (Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas) é defensora do direito incondicional de todos os alunos terem acesso à educação escolar de nível básico e superior.

Recebeu o reconhecimento de Oficial na Ordem Nacional do Mérito Educacional, no Grau de Cavaleiro, por sua contribuição para a educação no Brasil.

 

Jaqueline Moll

Graduada em Pedagogia, especializada em Alfabetização e mestre em Educação pela PUC RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também é professora, realizou parte dos estudos na Universidade de Barcelona, na Espanha.

Ela atua, efetivamente, com estudos e pesquisas educacionais com ênfase em políticas públicas e práticas pedagógicas, com diálogo e construções de intervenções na alfabetização, educação de jovens e adultos, fracasso escolar, pedagogias urbanas e relações entre escola e cidade. 

Responsável pela implementação do programa Mais Educação, do MEC, sendo um dos principais nomes quando falamos em Educação Integral.

 

Marie Curie

Cientista polonesa Marie Curie, que viveu de 1867 a 1934, se formou em Matemática e Física, pela Universidade de Sorbonne, na França. Foi responsável, junto com seu marido Pierre Curie, pela descoberta dos elementos químicos Polônio (nomeado em homenagem ao seu país) e Rádio. E disso deram início as pesquisas sobre Radioatividade.

Foi professora desde os seus 18 anos de idade e ainda lecionou em uma instituição, que era considerada ilegal porque desafiava as políticas de repressão impostas pelo Império Russo. O maior número de estudantes era do público feminino já que eram impedidas de estudar.

Recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1903 e, em 1911, recebeu o Prêmio Nobel de Química, sendo a primeira mulher a ganhar um Nobel e a primeira pessoa a receber duas vezes.

 

Anne Sullivan

Educadora norte-americana, que viveu entre 1866 e 1936, perdeu a visão quando criança. Foi contratada como professora particular aos 20 anos, depois de se formar na escola. Foi também professora em tempo integral de Helen Keller, escritora, conferencista e ativista social norte-americana, e a primeira pessoa com surdo-cegueira a se tornar bacharel na história, com formação em Filosofia.

Anne ensinou Keller a reconhecer objetos e associá-los a palavras por meio do tato. Com isso ela se tornou fluente nas línguas inglesa, francesa e alemã. Além disso se tornou proficiente em braile e em linguagem de sinais na palma da mão. 

E esta história virou peça de teatro e, depois, o filme O Milagre de Anne Sullivan.

 

Hannah Arendt

A filósofa alemã judia viveu de 1906 a 1975 e por causa do Nazismo teve que deixar seu país. Com isso se mudou para a França e, depois, para os Estados Unidos, onde permaneceu e se naturalizou em 1951.

Publicou a obra As Origens do Totalitarismo, onde analisa as formas totalitárias de poder e a banalização do terror.  Ela também analisou a educação da época pelos escritos A Crise na Educação e Reflexões sobre Little Rock.

 

Maria Montessori

Foi a primeira mulher na Itália a se formar em Medicina. Contudo não pode seguir carreira na profissão e começou a estudar sobre o aprendizado para crianças. E disso nasceu o seu método educacional, hoje mundialmente conhecido, chamado de Método Montessori, aplicado em diversas em escolas públicas e privadas por todo o mundo. 

Em 1907 criou a primeira Casa dei Bambini, onde aplicava a ideia da educação para a vida e a formação integral dos indivíduos. Ela acreditava que as crianças eram capazes de conduzir o seu próprio aprendizado e que os professores eram apenas responsáveis por acompanhar esse processo e, com isso, se inseriu no movimento da Escola Nova.

 

Malala Yousafzai

Em um caso bem mais recente, a jovem nascida em 1997, se tornou a pessoa mais nova da história a ser laureada com um prêmio Nobel, em 2014. Ela ganhou o Nobel da Paz por seus esforços para as meninas do vale do Swat, no nordeste do Paquistão, sua terra natal, tenham acesso à educação. 

Em 2009, com apenas 11 anos de idade, começou a escrever um blog, sob pseudónimo, para a BBC (British Broadcasting Corporation), uma empresa pública de rádio e televisão do Reino Unido. No veículo ela relatava o seu dia a dia durante a ocupação talibã em Swat e a proibição pelo regime de que as meninas frequentassem a escola. 

Vítima de um atentado em 2012, foi alvejada na testa sendo internada inconsciente e em estado grave, mas ela sobreviveu. Suas reivindicações intensificaram a luta pelo direito à educação para as crianças de todo mundo.

 

Madalena Sofia Barat

Nascida na França em 1779, foi uma das pioneiras das congregações femininas dedicadas à educação. Ela viveu no período de supressão das chamadas escolas confessionais, ligadas a religião, em seu país, que se seguiu durante a Revolução Francesa. 

Aos 22 anos, junto com outras três mulheres, deu início a Sociedade do Sagrado Coração de Jesus, voltada totalmente para a educação religiosa. E ali permaneceu por 63 anos, período no qual fundou 105 escolas, que atendiam mais de nove mil meninas. Em 1865 ela faleceu e foi canonizada pela Papa Pio XI, em 1925. 

E hoje sua congregação está presente em mais de 35 países.

 

Essa foi uma pequena lista das mulheres que deixaram seu legado para a nossa educação e que mostra a importância do público feminino em nosso dia a dia. Por isso, e por outras diversas razões, que devemos manter o respeito e a valorização destas mulheres que a cada dia nos ensinam algo novo.

E não deixem de assistir ao filme O Milagre de Anne Sullivan.

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